Entre o final de setembro e a semana passada, a Escola da
Magistratura de Rondônia (Emeron) realizou duas formações na temática da justiça
restaurativa. A primeira sensibilização, entre os dias 27 e 30, teve como
público-alvo o público interno do Tribunal de Justiça do Estado com competência
criminal e/ou infracional, e a segunda, de 4 a 18 de outubro, foi destinada a servidoras
e servidores que atuarão como facilitadores em práticas de justiça
restaurativa. Ambas as formações ocorreram na modalidade Educação a Distância
(EaD), por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da Emeron.
A Sensibilização em Justiça Restaurativa teve como conteudistas e tutoras
Elivânia de Lima, assistente social da Seção de
Estudo Social e Psicológico do Núcleo Psicossocial de Porto Velho, e a juíza do
TJRO Úrsula Souza, além dos magistrados Álvaro Ferro, Marcelo Tramontini,
Arlen de Souza e, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o juiz Marcelo
Salmaso. O objetivo da formação é que os participantes sejam capazes de
implementar o modelo de justiça restaurativa, mediante a compreensão dos
principais aspectos históricos, sociais e normativos que fundamentam o
paradigma restaurativo no mundo e no Brasil, contribuindo para a ampliação das
práticas restaurativas em Rondônia.
Em 2020, o Conselho Nacional de Justiça, no intuito de consolidar a
Política Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário, a qual
foi regulamentada pela Resolução nº 225/2016, elegeu 10 tribunais estaduais,
dentre estes o TJRO, para desenvolver o Projeto Rede de Justiça Restaurativa. Nessa
atuação, destaca-se a publicação da Resolução 164-TJRO e do Ato 1229-TJRO,
ambos de 2020, que versam sobre o Programa de Justiça Restaurativa e os
componentes da Coordenadoria do referido programa, respectivamente, além de incentivar
ou promover capacitação e atualização permanente.
A sensibilização propôs, de forma objetiva, despertar a
sensibilidade a respeito da matéria, visando a apropriação de técnicas
essenciais para identificar as diferentes possibilidades das práticas
restaurativas, a fim de estimular a utilização dos processos restaurativos como
mecanismo de responsabilização. A capacitação pretendeu promover e garantir a
implementação do modelo de justiça restaurativa no estado, mediante uma visão
crítico-reflexiva acerca dos seus principais aspectos históricos e sociais, bem
como de seu desenvolvimento no ordenamento jurídico brasileiro e sua base normativa,
objetivando a solução estruturada dos conflitos.
A magistrada Miria de Souza, juíza substituta na
comarca de Porto Velho, avaliou o curso como muito bom: “Trouxe uma visão ampla
sobre o tema, apresentou referências bibliográficas para consulta futura e
aprofundamento da matéria”. Como trabalho de conclusão, ela conta que fez um
projeto de implantação de práticas restaurativas para uma comarca do interior. “Pretendo
concretizá-lo na comarca onde eu titularizar”, acrescenta.
Facilitadores
O módulo teórico da Formação de Facilitadores em
Práticas de Justiça Restaurativa, finalizado na semana passada, teve como
ministrantes, além de Elivânia, a juíza Maxulene Freitas, a assistente social Eliete
Cabral, a psicóloga Luciana Martins, todas do TJRO, além da facilitadora voluntária
Karin Kansog, e foi voltado a psicólogos(as), pedagogos(as) e assistentes
sociais dos Núcleos Psicossociais. O curso foi
dividido em sete unidades: Cultura de Paz e Direitos Humanos; A Justiça
Restaurativa como novo paradigma para questões criminais; Concepção ampla da
Justiça Restaurativa; Práticas Restaurativas; Vivência Circular; Essência
Comunitária da Justiça Restaurativa; A Justiça Restaurativa no Âmbito do TJRO; além
da Avaliação final.
A psicóloga Isabela Paludo, lotada na Coordenação
do Serviço de Apoio Psicossocial às Varas de Família da comarca de Porto Velho,
relata que o curso superou suas expectativas. “Além de mostrar um panorama
geral e conceitual, conseguiu agregar de forma crítica pontos a serem pensados
e questionados para a construção de uma justiça restaurativa que propicie
mudanças culturais e sociais”. As facilitadoras utilizaram uma das aulas para
aplicar uma vivência. “Pudemos exercitar o círculo de construção de paz, em outros
momentos trouxeram exemplos práticos em que a justiça restaurativa foi aplicada
e como vem sendo estruturada em Rondônia, senti-me motivada a conhecer mais a
parte prática e um dia poder trabalhar com as metodologias estudadas”, conclui
Isabela.
Para Elivânia, que atuou como ministrante nas duas
formações, embora os cursos enfocassem a mesma temática, possuíam objetivos
distintos. “Na Sensibilização buscou-se difundir justiça restaurativa enquanto
um novo paradigma para lidar com questões conflitivas, enquanto a Formação
Teórica foi o primeiro passo para instrumentalizar os(as) profissionais a se
tornarem facilitadores de práticas restaurativas”. Mestra em Direitos Humanos e Desenvolvimento da Justiça pela
Universidade Federal de Rondônia em parceria com a Emeron, Elivânia acredita que, de maneira geral, os objetivos
foram atingidos em ambas as formações: “Ampliaram-se as possibilidades de
implementar a Política Estadual de Justiça Restaurativa em diversas ambiências institucionais
e/ou comunitárias”.
Fonte: Assessoria de Comunicação – Emeron
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