No
dia 31 de maio, o juiz Audarzean Santana da Silva defendeu tese de doutorado no
Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. Intitulado “A Atuação Judicante e a
Política de Saúde: Embaraço ou auxílio?”, o trabalho busca a compreensão do fenômeno da judicialização da política pública
de saúde nos cinco municípios mais populosos de
Rondônia, a partir da análise das decisões judiciais proferidas entre 2010 e
2014.
A saúde é um dos direitos sociais garantidos pela
Constituição Federal de 1988, atribuindo-se ao Estado a responsabilidade pela
promoção ao acesso universal na prevenção e no tratamento de doenças. Quando
não há o cumprimento desse direito, como alternativa para obtenção de
medicamentos e/ou tratamentos negados ou não cobertos pelo Sistema Único de
Saúde (SUS) ou por planos de saúde privados, o cidadão busca auxílio nos
tribunais, configurando a judicialização da saúde.
Audarzean divide a pesquisa em três aspectos. O primeiro é a contextualização teórica do fenômeno da judicialização a partir de pesquisa bibliográfica. O
segundo analisa 1.975
processos judiciais iniciados
entre 2010 e 2014 nos municípios de Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Vilhena
e Cacoal e as prestações de contas desses municípios para compreender como a
judicialização ocorre no estado e quem são seus atores, qual o tipo de providência requerida e a reação do executivo aos pedidos.
A pesquisa
apontou que, em Rondônia, a judicialização tem preponderância de demanda individual
(97,62%), com representação pela Defensoria Pública (72%) e Ministério Público (16,40%), o que “permite concluir que os
maiores beneficiários da judicialização municipal rondoniense são pessoas de baixa renda”; e que tratam de desdobramentos
do atendimento médico, como medicamentos (56,60% dos pedidos), suplemento
(6,38%), material (6,28%) e exame (6,03%). A respeito das decisões, identificou que, nas decisões monocráticas e colegiadas dos magistrados rondonienses, o judiciário costuma acolher a judicialização (83,95% dos casos) e em apenas 8%
dos casos ocorreu interposição de agravo contra as decisões,
por parte do executivo.
Por fim, Audarzean analisa como as
decisões judiciais, cumpridas espontaneamente (77,56%
dos casos analisados) ou por sequestro judicial (22,44%), impactaram o orçamento dos municípios. “O
impacto financeiro nos orçamentos municipais foi
pequeno porque os sequestros realizados não foram superiores a 1% da despesa
empenhada com saúde e o gasto com cumprimento voluntário não foi superior a
14,67% da despesa empenhada com saúde”, afirma.
Para o
magistrado, que também é docente da Especialização em
Direito para a Carreira da Magistratura, além da confirmação das hipóteses da
pesquisa, a análise das providências requeridas à
justiça permitiu identificar as falhas no serviço de
saúde dos municípios pesquisados e também demonstra o
papel exercido pela judicialização. “No fim, ficou claro que a judicialização municipal da saúde é um importante
instrumento de auxílio ao cidadão – permitindo o acesso aos serviços negados –
e à Política Pública Municipal de Saúde – indicando as ineficiências do sistema e corrigindo as omissões de atendimento”.
A tese, orientada pelo professor Dr. Fabiano
Engelmann, foi aprovada pela banca formada pelos professores Helio Alves, Juliane
Bento e Luciana Penna. A sabatina ocorreu na sede da própria UFRGS.
O
magistrado foi um dos beneficiários do convênio firmado entre a Emeron e a Faculdade
Católica de Rondônia (FCR) para a promoção do curso de doutorado. “Agradeço à Emeron e FCR por possibilitarem que o curso fosse
ministrado. Também preciso agradecer ao Tribunal de
Justiça de Rondônia por apoiar nossa especialização, autorizando os
afastamentos necessários para que eu pudesse fazer o curso”, finaliza.
Fonte: Assessoria de
Comunicação – Emeron
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