Há 111 anos, centenas de japoneses pisavam em terras brasileiras. Uma história que começava a ser trilhada com a vinda do Kasato Maru, primeiro navio que ancorou na cidade de Santos-SP. O povo nipônico chegava para trabalhar nas fazendas de cafezais paulistas. Nessa época, desembarcaram mais de 700 pessoas de diferentes cidades japonesas. Posteriormente, muitos orientais foram direcionados à Região Norte da Amazônia brasileira para trabalharem na lavoura.
A chegada dos orientais no Brasil Fonte: Senado Federal
De acordo como o
Consulado-Geral do Japão, em São Paulo, o Brasil abriga a maior comunidade de
descendentes japoneses no exterior; são cerca de 1,5 milhão de pessoas com a
ascendência.
Nesta terça-feira,
18 de junho, comemora-se o Dia da Imigração Japonesa. Para lembrar a trajetória
de muitos servidores do Judiciário, que são de descendência nipônica,
produzimos a série especial de matérias “111 anos de imigração japonesa”. Você vai
conhecer histórias muito especiais!
Emy Karla Yamamoto Roque
A história de Emy Karla Yamamoto Roque, juíza de direito na comarca de Cacoal, tem raízes fincadas em Sapporo, Ashikita Gun, Namie Machi e Kumamoto, cidades originárias de seus avós paternos e maternos. Nasceu em Ubiratã-PR, mas foi na serra catarinense, na cidade de Bom Retiro-SC, que ela passou uma parte de sua vida. Seus pais, Tereza Yoko Yamamoto e Yoeti Yamamoto, foram funcionários do Banco do Brasil por muito tempo. Após 10 anos, a família mudou-se para Maringá-PR, onde ela completou os estudos até graduar-se em Direito pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. No início dos anos 2000, já casada, veio para Rondônia e fixou residência no município de Cacoal. Ela lembra que o marido estava recém-formado em Odontologia.
Em sentido horário: o filho, a juíza, a filha e o esposo
Foi em Cacoal, cidade escolhida pelo esposo, que ele instalou o seu primeiro consultório. Em Cacoal, ela deu luz à primogênita, Bruna Tamy. Nessa época, lecionava no curso de Direito, na Universidade Federal de Rondônia, e também Língua Inglesa em escolas da rede privada de ensino. Após o nascimento da primeira filha dedicou-se com afinco aos estudos e, em setembro de 2004, tomou posse em concurso que se iniciara em maio do mesmo ano.
Da direita para esquerda: os dois irmãos, o esposo, o filho, a filha, Drª Emy e os seus pais
A escolha por
estudar Ciência Jurídica, na graduação, foi direcionada para a Magistratura,
que sempre foi o seu sonho. Por isso, no segundo ano da faculdade, já iniciava
os estágios em varas do Poder Judiciário do Paraná, em Maringá.
Sobre essa escolha ela afirma que
foi por uma forte inclinação à área. “Meu sentimento é de pleno preenchimento
da minha vocação. Amo ser magistrada e tenho grande satisfação em pertencer ao
Poder Judiciário de Rondônia”, revela.
Inspiração
Tem em seus avós grandes inspirações, pois deixaram seu país, com culturas, hábitos, clima, enfim, tudo diferente, para começar uma nova vida aqui no Brasil.
Da esquerda para a direita: os avós maternos e os paternos, respectivamente
A magistrada
considera também sua mãe uma fonte de inspiração. Após trabalhar por décadas no
Banco do Brasil, demitiu-se e graduou-se em Contabilidade e, aos 57 anos, tomou
posse como servidora da Justiça Federal em Rondônia; como se não bastasse,
tomou posse como servidora da Justiça do Trabalho no Rio Grande do Sul, aos 61
anos, trabalhando até hoje, e sempre cheia de planos.
O marido, Marcelo
Tavares Roque, recém-formado e, aos 22 anos, deixou a família em São Paulo,
após graduar-se no Paraná, para iniciar sua vida profissional em Rondônia, como
um destemido pioneiro. Atualmente, ela e o esposo, após terem realizado
atividade missionária em Roraima, estão auxiliando e convivendo com refugiados
venezuelanos que foram interiorizados em Cacoal. Emy Yamamoto destaca que “a
força, perseverança e fé dessas pessoas que viram-se obrigadas a recomeçar suas
vidas em um país diferente têm servido de grande motivação e inspiração para
mim”, disse.
Culturas
A convivência com as culturas japonesa e brasileira, embora, para ela, sejam culturas em extremos opostos, são harmoniosamente aceitáveis e tranquilas. Ela exemplifica que nos churrascos sempre têm oniguiri (arroz em formato triangular), que combina perfeitamente com as carnes.
A magistrada diz que é um grande
aprendizado, oriundo da cultura nipônica, o valor dado aos antepassados e aos
idosos, destoando da cultura ocidental que confere grande importância à
juventude.
Sobre os 111 anos
de imigração japonesa no Brasil ela diz ser “um grande exemplo de integração de
culturas tão diferentes e, ao mesmo tempo, de preservação das origens, uma vez
que os japoneses prezam muito pela manutenção das tradições e valorizam os
antepassados”, finaliza.
Comunicação Interna