Em uma sala composta por colchonetes e máscaras tapa-olhos,
servidores com diferentes vivências e histórias realizam movimentos repetitivos
e refletem sobre o cotidiano que impacta a vida pessoal e o trabalho. Parte
dessa proposta que une elementos da psicologia organizacional, medicina chinesa
e técnica corporal bioenergética compõem o curso “Decodificando as Emoções no
Ambiente Organizacional”, que tem como objetivo compreender as emoções no
ambiente de trabalho.
A iniciativa desenvolvida pelos psicólogos da Seção de
Psicologia Organizacional (Sepo), do Departamento de Acompanhamento e
Desenvolvimento de Carreiras (Deadec) foi inspirado no projeto “Cuidando do
Cuidador”, desenvolvido pelo psiquiatra Adalberto Barreto, que presta suporte
há quase dez anos para o Núcleo Psicossocial do Tribunal de Justiça de Rondônia
(Nups).
Em maio do ano passado, a Sepo recebeu o desafio de
replicar os conhecimentos para os servidores da capital e do interior com
algumas adaptações para a realidade do trabalho desenvolvido no Judiciário
rondoniense. Desde então, mais de 500 servidores já foram atendidos.
Desenvolvimento
de lideranças
Em regra, o projeto tem como foco inicial desenvolver
lideranças com base no entendimento de que o gestor é quem promove o equilíbrio
organizacional entre os servidores, mas o trabalho também se estende a turmas
de servidores que pretendem melhorar o ambiente relacional. Foi o caso do
Departamento de Compras (DEC) e da Corregedoria-Geral da Justiça de Rondônia
(CGJ).
“Eu nunca tinha vivenciado uma experiência como essa. Foi
uma grande surpresa, além de ser feito com empenho e seriedade, tem um retorno
eficaz do método adotado. Fiquei apaixonada, queria que fosse quinzenalmente”,
diz a servidora da CGJ, Marina de Oliveira. Para ela, o curso traz à tona a
necessidade dos servidores em desenvolverem capacidade emocional em meio às cobranças
e pressões do trabalho.
“No meio da correria ficamos tão automáticos que, por
vezes, não nos encontramos preparados para lidar com aspectos que exigem o
controle de nossas emoções. Outro aspecto importante é que eles nos trouxeram a
importância de manter equilíbrio saudável”, finalizou Marina.
O psicólogo organizacional Marcos Paulo explica que a
compreensão das emoções envolve o alívio das tensões do cotidiano originadas
por demandas muito fragilizadoras relacionadas ao trabalho. A metodologia utilizada
integra atividades que proporcionam momentos de autoconhecimento e de conexão.
“A medicina chinesa, por exemplo, considera que a mente pode ser promotora de
saúde. A íntima conexão entre a mente e o corpo podem revelar como a pessoa
está se sentindo no momento. Nós, como psicólogos organizacionais, vamos
mediando essa percepção”, explicou.
Com todos esses aspectos envolvidos é possível trabalhar o
individual e o coletivo, garante o servidor do Departamento de Compras (DEC),
Victor Hugo Dourado, que também participou das atividades. “Foi inesperado,
pois conseguiram trabalhar as nossas emoções junto com os colegas.
Coletivamente nos soltamos sem perceber. Uniu mais o departamento”, disse.
Clima
Organizacional
A Resolução 240/2016, do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), que dispõe sobre a Política Nacional de Gestão de Pessoas traz o
fundamento para a implementação de iniciativas como o “Decodificando Emoções”
em todos os tribunais de Justiça brasileiros. Em Rondônia, o próprio
Departamento de Gestão de Pessoas (DGP), por intermédio do Deadec, já
desenvolvia um projeto de liderança que continha a meta de aperfeiçoamento.
Desta forma, além da formação técnica, o servidor do Judiciário também pode
desenvolver a área comportamental.
A psicóloga organizacional da Sepo, Núbia Nogueira, defende
que uma liderança bem trabalhada atinge todos os servidores. “Se você está bem
sentimentalmente, você será uma boa gestora ou um bom colega de trabalho. Por
isso, acreditamos nessa abordagem comportamental para desenvolver ambientes
cujo clima organizacional proporcione servidores satisfeitos. Há muitos casos
em que a baixa produtividade de um ambiente está relacionada ao clima
organizacional”, disse.
Os resultados já foram sentidos. O corregedor-geral da
Justiça, desembargador José Jorge Ribeiro da Luz, conta que procurou o projeto
por conta da reestruturação da Corregedoria. “Nós queríamos contribuir no
desenvolvimento do processo dos gestores e servidores e almejávamos respostas
rápidas”, explicou.
A equipe da Sepo é formada por três psicólogos organizacionais e uma estagiária: Giuseppe Moura, Núbia Geny e Ilnara Sama. Integra o Departamento de Acompanhamento e Desenvolvimento de Carreiras (Deadec). Dúvidas sobre o curso podem ser sanadas pelo contato 3217-1125/1094.
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